Quando eu era criança ficava maravilhado com o futuro tecnológico que via nos filmes que mais gostava, a trilogia “De Volta para o Futuro”. Skate voador, tênis e roupas que se adaptam ao corpo do usuário, relógios que faziam ligações com vídeo conferência, mas uma em especial me chamava a atenção, apesar de não ser uma das mais exaltadas nos longas: um óculos de sol imponente que criava uma realidade alternativa, onde a família de Marty McFly usava num jantar e no convívio entre eles.
O que na época de lançamento dos filmes (década de 80) e quando eu assistia, ainda pequeno, parecia ser uma tecnologia distante e um tanto quanto absurda, hoje está mais em voga do que você imagina. Já ouviu falar em Realidade Virtual e Oculus VR? Acha que esses jovens que ficam com um óculos tapando a visão e andando e falando sozinhos é coisa passageira? É bom começar a se informar para não ficar para trás…
2016 foi o ano da disseminação dos óculos de Realidade Virtual: Google, Samsung, Rift, grandes marcas estão produzindo e aumentando o grau de especificidade em cada projeto, já que o mercado traz essa demanda e engana-se quem acha que será uma tecnologia caríssima e de difícil apelo popular, mesmo os óculos mais sofisticados tem preços bem acessíveis e tendência é que os valores abaixem cada vez mais.
O começo, naturalmente, veio apenas com uma forma de entretenimento e a primeira ligação que fazemos é com jogos virtuais. Com certeza já tem muita gente se divertindo com os jogos existentes e as possibilidade são inúmeras.
Entretanto o que anda acontecendo e aos poucos está ficando nítido, é uma nova revolução na forma de produzir conteúdo e pensar a comunicação. Teremos consumidores que vão interagir de uma forma muito mais intensa com seus gostos e serão muito mais exigentes com o que estão vendo, afinal eles estarão dentro do conteúdo e não vão querer nada mais uma experiência enriquecedora.
Os novos usos serão múltiplos: além dos jogos, redes sociais onde você pode encontrar amigos num lugar escolhido por todos com seus avatares, nas comunicações, empresários podem usar para fazer conferências, estudantes podem viajar desde a Grécia Antiga até à Lua para conhecer in locuo o que estão aprendendo, médicos podem avaliar o corpo de pacientes e entender o que podem fazer e o que está acontecendo, engenheiros podem olhar para sua criações e analisarem se estão dentro dos padrões, viajantes podem conhecer seus destinos e verem se realmente vale a pena ir até lá, compradores podem olhar para o produto e fazer uma visita à todas as características técnicas e por aí vai…
O diretor e produtor especialista em narrativas imersivas em audiovisual, Rodrigo M. Terra, fala mais sobre o que muda neste novo mundo:
“É a primeira vez que a pessoa está dentro da tela, e não fora dela. E as aplicações para isso são inúmeras. Você vai ter uma evolução na Educação: o conteúdo deixa de ser apenas consumido passivamente para ser vivenciado. As aulas de História do Brasil, Egito Antigo, Química Orgânica e Genética serão parques de diversões de aprendizado. Você, afinal, pode estar lá no Egito antigo ou dentro de uma célula.
“Ah, mas e a imaginação? Morreu? Claro que não. Desta vez ela é elevada ao enésimo grau, já que além de eu estar lá no Japão Medieval eu também vou poder mudar a história com ferramentas de interação. E se o Japão tivesse colonizado a Mesopotâmia? Vou lá e interajo, reprogramo, mudo de lugar, crio. Tudo no ambiente virtual.”
Alguns números para exemplificar o crescimento: o Facebook planeja investir cerca de US$ 3 bilhões no desenvolvimento da tecnologia de realidade virtual, Impulsionando esse crescimento está o aumento de 271% no investimento em empresas de realidade virtual e aumentada a partir de 2015, de acordo com estimativas da CB Insights. Em 2025, US$ 700 milhões serão investidos na tecnologia de realidade virtual na educação, de acordo com o Goldman Sachs.
Mas uma implicação é clara e já atormenta muitos criadores e produtores de conteúdo: toda a forma de se contar uma história muda. Tecnologicamente, os produtores têm que pensar no cenário 360º múltiplo, já que pra onde o usuário olhar, tem que ter algo para ele ver, os roteirista tem que pensar em histórias que utilizem todo esse espaço ambientado. Propagandas, programas, transmissões, filmes...tudo vai ter que se adaptar ao novo formato e vai dar muito trabalho e com certeza muitas oportunidades, ainda há muito para se aperfeiçoar, uma medida, por exemplo que se faz necessária, é a qualidade HD para visualização que ainda está disponível. A corrida para o novo milhão já foi começou e muita gente já está andando com quilômetros a frente.
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